sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dez características dos Gabinetes de Imprensa da Igreja

O padre Federico Lombardi (na foto), porta-voz do Vaticano, descreveu em Fátima o trabalho e a necessidade dos gabinetes de imprensa na Igreja em dez pontos. O texto, proferido em português, está disponível na Ecclesia, mas deixo aqui um resumo.

1. Os Gabinetes de Imprensa (GI), constituídos por crentes e cristãos, são um serviço à Igreja. “São instrumentos úteis para o anúncio do Evangelho na comunicação social, em âmbitos bastantes superiores aos nossos contactos pessoais”.

2. O serviço dos GI insere-se na comunidade que é a Igreja. É encarnado por pessoas concretas que se encarregam de a representar. “Pedem que falemos em nome de alguém e não em nome pessoal”. “Aproximamos a pessoa/instituição que representamos ao mundo da comunicação social”. “A prioridade está em quem servimos”.

3. Os GI são um serviço aos profissionais da comunicação e, por meio deles, ao público. “Somos servidores de colegas servidores”. “Temos de ter uma atitude aberta e positiva, prudente e não ingénua”. “Não podemos partir do pressuposto de que são mal intencionados”, mas “damos a cada um uma ajuda para que dêem passos na direcção certa”. No entanto, “alguns falarão sempre mal da Igreja porque são pagos para isso”, por vezes pelo posicionamento editorial do próprio meio de comunicação. Os profissionais da imprensa devem ser encorajados pelos GI a fazerem o melhor de que são capazes. É importante a disponibilidade do GI, o tratamento equitativo (“dar a todos o mesmo texto ao mesmo tempo; é importante para manter a autoridade do nosso trabalho”). Os GI podem construir uma “comunidade de comunicadores com momentos de festa, convívio e até de oração para os que são crentes”, iniciativas no dia do patrono dos jornalistas e a pretexto da mensagem do Papa para as comunicações sociais.

4. O trabalho dos GI não parte apenas da instituição para os média, mas vai do mundo envolvente para a instituição. São um serviço bi-direccional. Uma “porta aberta de fluxo comunicativo”. Nesta dimensão, os GI fazem revistas de imprensa, monitorização da rede, contactos com responsáveis da comunicação social…

5. Os GI são serviços para uma boa formulação da resposta da Igreja. “Propõem ao bispo/Igreja o momento oportuno para a resposta. Endereçam à autoridade uma sugestão de resposta”.

6. Os GI nunca devem deixar de insistir na linguagem simples. Devem mostrar com simplicidade e clareza o núcleo central da comunicação, através de sínteses, comunicados, frases inspiradoras… “A simplicidade produz credibilidade e não suspeição”. “Se não tiverem respostas seguras, [os jornalistas] tendem a levantar hipóteses e a fazer insinuações”. “É melhor sermos nós a dar a informação do que corrermos atrás da informação incorrecta”.

7. Este serviço tem de ser sempre verdadeiro, mesmo perante perguntas difíceis. A contradição é o mal mais grave. “Numa situação de crise, nada pior do que pensarmos que podemos emendar a situação sem verdade”. É preciso “antecipar o problema, reduzir os riscos e estar preparado para o pior”. “A percepção do público é tão ou mais importante do que a realidade dos factos. Se as pessoas pensam que há crise, há mesmo crise”. “As más notícias têm de ser dadas o mais rápido possível e de uma só vez”. Por vezes é necessário consultar a assessoria jurídica para que o que é dito não implique judicialmente a instituição.

8. Os GI devem servir a seriedade e o aprofundamento da comunicação. A comunicação é cada vez mais rápida e superficial, mas os GI devem oferecer instrumentos para aprofundá-la, seja através de conferências de imprensa, contactos de pessoas competentes, materiais e documentos (mas que não sejam desencorajadores pelo tamanho).

9. Este é um serviço que não se faz isoladamente mas em comunicação com outros. Os GI dinamizam o uso dos meios de comunicação social, encorajam a comunicação social diocesana, lançam novas iniciativas, ajudam os superiores a uma comunicação alargada, dedicam recursos económicos e materiais à formação de operadores.

10. O discurso da comunicação para a comunhão coloca-se a vários níveis, mas a comunicação social é a "principal via para unir todos os dias a comunidade dos fiéis no espaço mais amplo do mundo". O GI é um serviço imprescindível para a comunicação. É um nó central da rede capilarmente difundida pelo mundo.

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