quarta-feira, 1 de maio de 2013

No Dia do Trabalhador:
Os pecados capitais do mundo do trabalho



Esta sociedade não é justa

“O trabalho dá-nos dignidade. Quem trabalha é digno, tem uma dignidade especial, uma dignidade de pessoa: o homem e a mulher que trabalham são dignos. Pelo contrário, aqueles que não trabalham não têm esta dignidade. Mas muitos são aqueles que querem trabalhar e não podem. Isto é um peso na nossa consciência, porque quando a sociedade é organizada desta maneira, onde nem todos têm a possibilidade de trabalhar, de serem elevados pela dignidade do trabalho, esta sociedade não está bem, não é justa. Vai contra o próprio Deus, que quis que a nossa dignidade começasse daqui”.
(Papa Francisco, hoje)

Trabalho escravo

“Quantas pessoas, em todo o mundo, são vítimas deste tipo de escravidão, na qual é a pessoa que serve ao trabalho, enquanto deveria ser o trabalho a oferecer um serviço à pessoa para que ela tenha dignidade. Peço aos irmãos e irmãs na fé e a todos os homens e mulheres de boa vontade uma decidida tomada de posição contra o tráfico de pessoas, no âmbito do qual está o “trabalho escravo”.
(Idem)

Um paradigma civilizacional a rever

"O campo do trabalho vive hoje uma convulsão que foge em muito ao nosso controlo e que nos obrigará a curto prazo a uma revisão de paradigma civilizacional. Os irrazoáveis números do desemprego testemunham a extensão da incerteza em que naufragámos.
Mas, mesmo mantendo um trabalho, muitos veem-se obrigados a defendê-lo a todo o custo, com uma sensação repetida de frustração, irracionalidade e solidão. Os problemas dos limites colocam-se cada vez mais. Acentua-se o fosso entre o que é possível e o que é pedido, numa aceleração permanente contra o tempo. A implacabilidade do sistema de trabalho cada vez menos respeita e acolhe a fragilidade da vida. Os trabalhadores têm de ser perfeitos e neutros como as máquinas que os rodeiam."
José Tolentino Mendonça, Expresso, 27.4.2013


Mercadodiceia, ética e utopia
Primeiro, foi a Providência divina. Deus, na sua omnipotência e infinita bondade, acompanha a humanidade no combate contra o mal - Deus é o anti-Mal -, de tal modo que tem fundamento a esperança do triunfo final do bem. Depois, pela secularização da Providência, a própria história aparece como justificando-se a si própria, no quadro de uma historiodiceia: "A história do mundo é o julgamento do mundo." Finalmente, os mercados são a nova presença do divino, de tal modo que através do seu jogo, mediante uma "mão invisível", tudo se conjuga para que, embora cada um lute pelos seus próprios interesses, dessa luta resulta o maior bem para todos. Sequência: teodiceia (justificação de Deus frente ao mal), historiodiceia (justificação da história), mercadodiceia (justificação dos mercados) - Adriano Moreira utiliza a expressão: "Teologia do Mercado".
(Anselmo Borges, DN 27.4.2013)

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